Influência na cultura popular
A chegada dos Beatles na rádio é vista como um marco na música que sinaliza um fim à era do rock and roll da década de 1950: diretores de programas radiofônicos, como Rick Sklar da WABC (AM) de Nova Iorque, proibiam DJs de lançarem na programação qualquer música "pré-Beatle".[144]Alguns lançamentos dos Beatles, como seus álbuns, foram imitados por diversos artistas, inclusive brasileiros. Por exemplo, a capa do Abbey Road é muito parodiada por diversos lugares, desde capas de outras bandas, como fotos de usuários da Internet, que, em Londres, passam pelas faixas brancas imitando os Beatles, ou fazem montagens em cima do original. Na televisão americana, foram muitos os desenhos animados que se referiram aos Beatles, a maioria apresentando um tom cômico. Talvez o mais visível seja Os Simpsons, embora a banda tenha sido citada também em episódios do Bob Esponja, As meninas superpoderosas, e em outros desenhos-animados do canal Nickelodeon.
[editar] Pioneirismo
George Harrison, quando nos Beatles, tornou-se o primeiro músico a fundir instrumentos e, respectivamente, sons orientais com a música do rock; embora famoso, no entanto, este feito - demonstrado em "Norwegian Wood", onde há o uso da sitar (instrumento musical da família do alaúde e instrumento símbolo da música da Índia) - não foi o único que colocou a banda no patamar de pioneira.[145]Com "Twist and Shout", "Can't Buy Me Love", "She Loves You", "I Want To Hold Your Hand" e "Please Please Me", lançados em março de 1964, tornaram-se iniciantes em ocupar os primeiros cinco lugares no topo norte-americano. Rubber Soul, de 1965, foi o primeiro álbum onde não havia o nome do artista em sua capa. Na época dos Beatles, os compactos eram curtos, mas "Hey Jude", com mais de sete minutos, mudou esse conceito. Foram a primeira banda britânica a fazer sucesso fora de seu país e a primeira de rock a fazer sucesso mundial. Com "Yellow Submarine", foram os primeiros roqueiros a escreverem canções com temáticas infantis. Em suas peregrinações à Índia, tornaram-se os primeiros a misturarem rock e misticismo. A primeira distorção de violão divulgada em gravação foi em "I Feel Fine".
O concerto no Shea Stadium tornou-os pioneiros na produção e realização de apresentações em estádios a céu aberto e participaram da primeira transmissão mundial via satélite cantando ao vivo "All You Need Is Love", no projeto Our World, em 1967. Foram a primeira banda de rock a fazer carreira no cinema e a primeira a produzir um disco conceitual de rock: Sgt. Pepper Lonely Hearts Club Band. Este mesmo disco fez com que eles fossem os primeiros a gravarem em quatro canais. Curiosamente, os Beatles foram o primeiro grupo a se separar.
[editar] Influência nos países falantes do português
[editar] Brasil
Nomes de brasileiros como Arnaldo Baptista, Belchior, Roupa Nova, Caetano Veloso, Carlos Drummond de Andrade, Cassia Eller, Erasmo Carlos, Fernanda Takai, Gilberto Gil, Lulu Santos, Mauricio de Sousa, Milton Nascimento, Paulo Leminski, Pedro Bial, Raul Seixas, Renato Russo, Serginho Groisman, Rita Lee, Ronnie Von, Sávio Rangel, Zé Ramalho e muitos outros estão, de alguma forma, relacionados aos Beatles.[146]No início em que a banda causava um estrondo, e que o termo "beatlemania" já era lançada aos quatro ventos, a mídia brasileira os intitulou de "Reis do Iê iê iê", por causa da letra da canção "She Loves You".[147] A primeira aparição do grupo em território brasileiro foi pelo cinema, com A Hard Day's Night.[147] Passando pelos terríveis momentos da política a partir da implantação da ditadura militar, o Brasil via surgir, pouco a pouco, os Beatles em suas maiores cidades. Na mesma década, o carioca Newton Duarte, entusiasmado em músicas estrangeiras, passava por rádios do Rio de Janeiro levando discos piratas do quarteto, que adquiria com o americano Douglar Robert.[147] Esses discos não tinham sido lançados no Brasil e Duarte conseguiu arrecadar dinheiro com o negócio pirata.
A revista nacional Fatos e Fotos tinha empregado o jornalista Janos Lengyel que, em 1966, realizou a primeira entrevista dos Beatles para a imprensa brasileira.[147] Big Boy, como agora Newton Duarte era conhecido, começou a introduzir os Beatles nas rádios e a transmitir ao Jornal Hoje, da Rede Globo, informações sobre o quarteto: com a banda um tanto mais popularizada, a recepção brasileira assistiu seus ritmos tropicais sendo misturados com os ritmos que começavam a serem introduzidos do exterior.[147]
Enquanto os Beatles faziam sucesso nos Estados Unidos e na Inglaterra, o Brasil passava pelo Golpe militar de 1964, que mudou a concepção do país. Embora tenha sido empregado no país uma política controlada e censurada, o Brasil não estancou, nem cultural ou economicamente e foi nessa época que a música do brasil desenvolveu-se com intensidade.[148] Em 1967, nasce um movimento no país, tendo como precursores Caetano Veloso e Gilberto Gil, denominado Tropicália, que possuía o intuito de modificação cultural.[149] Apoiando-se na ideia da antropofagia promovida pelo modernista Oswald de Andrade, a Tropicália começou a popularizar a guitarra e o rock and roll no Brasil, sob forte influência dos Beatles.[150] Antes do movimento, o baiano Raul Seixas foi o pioneiro do rock brasileiro, feito que lhe conferiu o título de "pai do rock brasileiro"; Seixas frequentemente citava Lennon, que era um de seus maiores ídolos, ao lado de Elvis Presley.[151]
A articulista Clara Abdo resume a influência dos Beatles na Tropicália dizendo que o sistema, "[…]como movimento que abrangia vários recursos externos para a formação de uma nova música brasileira, acarreta em sua formação ícones culturais de várias épocas. Dentre eles, Carmen Miranda, Roberto Carlos, representando a Jovem Guarda, o escritor José de Alencar, o corte de cabelo e as vestimentas da contracultura hippie nos Estados Unidos e os Beatles."[152] Na prática, a canção Senhor F, do grupo Os Mutantes, teve seu arranjo inspirado no álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band; a última faixa do disco lançado em 1968 pelos tropicalistas, "Ave Gencis Khan", modelou o estilo que Harrison tocava intrumentos orientais.[152]
Rogério Duprat, que se envolveu no movimento e desenvolveu carreira musical com grande parte dos artistas citados nessa sub-seção, ficou conhecido como o "George Martin" da Tropicália e relatou o seguinte em 2002:
Não é que eu fiquei dando aula para eles [os músicos da Tropicália]; ao contrário, eu que aprendi pra burro com os Mutantes, com o Gil, com o Caetano, com todo mundo, como fazer uma coisa, que pode ser ao mesmo tempo com certa correção, com uma correção que a gente já conhecia, de músicos, e fazer isso, de uma coisa popular e avançada, uma coisa na frente dos Beatles.[153]
[editar] Portugal
Por estar em território europeu, mesmo continente de origem dos Beatles, Portugal teve estreitas relações com os Beatles. Paul McCartney já desejou ter uma propriedade em território português, em 1989.[154] A casa é uma mansão do século XVII, com vista pro mar, e situada em uma estrada, um dos motivos pelos quais fez com que Paul desistisse da compra, pois sua privacidade estaria em jogo.[154] Em 9 de dezembro de 1987, McCartney concedeu a sua primeira entrevista a um jornalista português, onde, entre outras coisas, relatou: "O que faço ao dinheiro? Ponho-o no banco… Não, faço imensas coisas: obras de beneficência, tenho uma família para sustentar, tenho a minha mulher e, como tu sabes, as mulheres gastam muito dinheiro!"[155]Segundo o articulista Luís Pinheiro de Almeida, a letra de "Yesterday" foi escrita em Portugal, dentro de um carro, numa trajetória entre Lisboa e Faro.[141] "Sempre detestei perder tempo e a viagem era muito longa", relatou Paul McCartney sobre a inspiração para a letra.[141] Paul escreveu outras canções em território português. Em 1968, por exemplo, produziu "Penina", em Algarve, quando estava de férias com Linda McCartney no sul do país.[156] A letra foi entregue para o grupo português Jotta Herre.[156] Embora Paul tenha afirmado que não gravaria "Penina" ela aparece gravada pelos Beatles no álbum pirata Unheard Melodies, The Songs The Beatles Gave Away, juntamente com a versão dos Jotta Herre e de Carlos Mendes.[156]
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